Grupo Professores do Estado da Bahia, espaço no Facebook onde os professores trocam informações sobre a greve

Governador Wagner sugere aos professores o uso de bandana como forma de protesto contra o governo

A greve dos professores da rede estadual está completando 42 nesta terça-feira (22), após votação unânime em mais uma assembleia realizada hoje os grevistas decidiram manter o movimento.  Os professores já tiveram cortes no salário do mês de abril e resistem mesmo com a ameaça do corte também em maio. O governo afirmou que é preciso voltar ás aulas para voltar a negociar e o somente com o retorno dos professores o pagamento será restabelecido.

Governador Jaques Wagner, durante uma entrevista ao Programa Balanço Geral da TV Itapoan.

A decisão dos educadores em continuar a greve foi tomada no mesmo dia em que o governador Jaques Wagner, durante uma entrevista ao Programa Balanço Geral da TV Itapoan, mais uma vez convocou os professores a voltarem às salas de aula e sugeriu que fizessem outro tipo de manifestação. Tem outras formas de protesto, eu já fiz várias outras formas de protesto, agora não se pode entrar numa greve indefinida” afirmou Wagner. O governador recomendou aos professores que voltem a dar aula  “com faixa no braço” como forma de protesto e concluiu: “eu sei que andam me xingando por aí, isso pra mim não é o problema, eu quero é a aula dos meninos. O cara vai dar aula bota uma bandana na cabeça”.

A sugestão de usar bandana na cabeça como forma de protesto causou indignação de vários professore que se manifestaram nas redes sociais. No Facebook existe um espaço onde os professores trocam informações sobre a greve. E foi usando o Facebook que uma professora reagiu da seguinte forma: “Vamos adotar as bandanas em nossos protestos, para lembrar a ele que a Bahia faz carnaval, mas tbm (também) faz protestos contra ditadores! Esse senhor está subestimando a nossa inteligência o tempo todo!”.

Já outra fez o seguinte comentário: “Essa infeliz ideia revoltou ainda mais a categoria. Ao invés de negociar o governo “sugere” a nossa forma de luta. Ora, se com greve o governo não nos escuta, avalie com tarja preta ou outras formas de protesto. Esse governo quer professor e aluno em sala. E só. Educação de verdade não interessa. Professor mal remunerado, com carga horária excessiva não tem tempo de ler, de atuar politicamente, de ser cidadão. É um operário da educação. Operário que remonta ao tempo da Revolução Industrial onde a jornada de trabalho era de 14 horas ou mais. Boa parte dos meus colegas trabalha 60h semanalmente. São três turnos de trabalho em salas lotadas, em salas sem climatização ou acústica adequada. E o salário ó…”

Rui Oliveira, presidente da APLB Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia, disse que o governador está querendo fazer uma queda de braço com a categoria. “O governador foi para a televisão fazer apelo, é sinal de que está preocupado. Mas o apelo dele é na base da intimidação, cortando os salários” afirmou o sindicalista.

Os grevistas querem que o governo volte a negociar. Mas o governador disse que isto só acontecerá com o fim da greve. Mesmo com a ameaça de Jaques Wagner em suspender os salários por mais um mês os professores se negam a encerrar a greve até serem plenamente atendida.

Exigem que o governo cumpra o acordo firmado com a classe, em novembro do ano passado, que garantia os valores do piso nacional. O governo ignorou o acordo mandando para a Assembleia um projeto de lei com valores menores. O Estado ofereceu 6,5% a todos os professores (assim como para todos os servidores estaduais) e 22,22% somente àqueles de nível médio e que ganham abaixo do piso salarial nacional. A APLB sugeriu que o aumento fosse parcelado durante o ano, mas a proposta não foi aceita pelo Governo.

Enquanto isto, mais de um milhão de alunos estão sem aulas em toda a Bahia. Para o presidente da Associação dos Pais e Mães de Alunos de Escola Pública, Mauro Daltro Moura, se o impasse continuar até o dia 30 de maio, o ano estará perdido para os estudantes.

Jamil Souza