Em audiência no Senado, procurador critica política indigenista do governo
O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, ouviu nesta sexta-feira (18), ao participar de audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado, críticas à política indigenista do governo, em especial no que se refere aos conflitos entre índios da etnia Cinta-Larga e garimpeiros na Reserva Roosevelt, em Rondônia.
Na audiência, o procurador do Ministério Público Federal no estado, Reginaldo Pereira da Trindade, classificou de “indiferente” e “desastrosa” a atuação de órgãos como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Federal (PF).
Em uma longa exposição sobre os problemas dos índios na região, Trindade disse que, se o governo não tomar providências, “não tardará e o barril de pólvora do garimpo do Roosevelt explodirá de novo e muitos morrerão. Quantas pessoas, índias ou não, terão que tombar para que o Brasil reconheça a gravidade e a dimensão da questão Cinta-Larga e mover ações à altura?”, perguntou o procurador. Não se oprime um povo só com guerras e matanças: “a pior opressão é aquela movida pelo veneno da indiferença”, disse ele, lembrando casos como a chacina de 2004, quando 29 garimpeiros foram mortos por índios dentro da reserva.
Trindade listou diversos dos problemas envolvendo a comunidade indígena. Segundo ele, a exploração ilegal de diamantes na área da reserva agrava as mazelas comuns aos índios de todo o país, também sentidas pelos cintas-largas. “Falta alimentação, falta moradia, falta estrada, falta saúde, falta educação, falta dignidade. E sobra preconceito. Além disso, os cintas-largas sofrme com um adicional: a maldita exploração de recursos naturais nas terras deles, com destaque para a exploração de diamantes”, enfatizou.
O procurador criticou os excessivos investimentos do governo federal em políticas de repressão ao tráfico de diamantes em detrimento de uma política de proteção aos índios. De acordo com Trindade, gasta-se dez vezes mais tentando, inutilmente, frear o escoamento das pedras do que na assistência e proteção aos índios. A falta de estrutura da Funai para ampará-los e a desassistência judiciária completam o quadro de abandono, acrescentou o procurador.
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(Agência Brasil)