Duas exposições em Lisboa assinalam nesta terça-feira, 07 de Fevereiro, o bicentenário do nascimento do escritor Charles Dickens, criador de personagens como David Copperfield ou Oliver Twist, que retratou o quotidiano social da Inglaterra “vitoriana”, da segunda metade do século XIX.

Uma é iniciativa da Biblioteca Nacional e reúne edições portuguesas de Charles Dickens, na Sala de Referência, a outra, “Dickens nas Colecções das Bibliotecas Municipais de Lisboa”, fica na Hemeroteca Municipal, ao Bairro Alto.

Charles John Huffam Dickens que experimentou o jornalismo e, para garantir o sustento da família, trabalhou numa fábrica, nasceu em Portsmouth a 07 de fevereiro de 1812, completa-se terça-feira 200 anos.
Dickens começou a editar em 1833 em fascículos no jornal Monthly Magazine a ficção “A Dinner at Poplar’s Walk”, que veio a editar depois em livro.
Em Portugal, segundo nota da Biblioteca Nacional, a primeira tradução de uma obra de Dickens foi publicada em 1833. Inicialmente são traduzidas “várias narrativas breves que, retiradas em grande parte da obra ‘Sketches by Boz’, são também publicadas em folhetim, sobretudo na década de 1860”, refere a mesma nota.

Ainda no século XIX são apresentadas “as primeiras traduções de cinco dos seus romances: ‘Oliver Twist’ (1837-1839), ‘The Life and Adventures of Nicholas Nickleby’(1838-1839), ‘A Tale of two Cities’ (1859), ‘Great Expectations’ (1860-1861) e ‘The Posthumous Papers of the Pickwick Club’ (1836-1837)”, refere a mesma nota.

A mostra bibliográfica na sala de referência da Biblioteca Nacional, ao Campo Grande, é organizada em colaboração com o Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa e reúne as várias edições nacionais da obra do escritor inglês, de “Nicholas Nickleby” a “Grandes esperanças”, “Oliver Twist”, “Conto de duas cidades” ou “Canto de Natal”.

O escritor teve maior proliferação editorial portuguesa nas décadas de 1940 e 1950. Segundo a Biblioteca Nacional, “entre os seus maiores sucessos entre nós destacam-se as mais de vinte traduções diferentes de ‘A Christmas Carol in Prose: A Ghost Story of Christmas’ (1843), bem como as dezassete traduções diversas do romance ‘Oliver Twist, or, the Parish Boy’s Progress’ (1837-1839)”.

O bicentenário do nascimento de Charles Dickens é pretexto para a Hemeroteca Municipal, ao Bairro Alto, organizar um conjunto de iniciativas que “revisitem a vida e a obra de um dos mais importantes escritores ingleses do século XIX e da literatura mundial”, segundo nota da instituição lisboeta.

A primeira dessas iniciativas é inaugurada no dia 07 de Fevereiro. Trata-se de uma exposição bibliográfica e documental, “Dickens nas Coleções das Bibliotecas Municipais de Lisboa”, que estará patente ao público até 17 de Março, no átrio e escadaria Hemeroteca.

Também neste 07 de Fevereiro, pelas às 18:00, na Biblioteca-Museu República e Resistência – Espaço Cidade Universitária, ao bairro de Santos, em Lisboa, o cineasta Lauro António apresentará a palestra “O Universo de Charles Dickens no Cinema”.
Refira-se que João Botelho realizou, baseado na obra homónima de Dickens, “Hard Times, for these Times” (1854), o filme “Tempos Difíceis, este tempo” (1988), com música de António Pinho Vargas e a participação, entre outros, de Henrique Viana, Julia Britton, Eunice Muñoz, Ruy Furtado e Isabel de Castro.