Acusado de envolvimento com grupo de extermínio, vereador Pablo Roberto (PT) foi a Brasília recorrer à Comissão de Direitos Humanos
O vereador feirense Pablo Roberto (PT) que está sendo investigado pela polícia, acusado de comandar um grupo de extermínio e um suposto acerto financeiro com um interno da Comunidade de Atendimento Socioeducativo (CAS) Zilda Arns já está em Brasília. A sua ida à capital federal tem por objetivo, dentre outros, protocolar uma denúncia na Comissão de Direitos Humanos sobre o fato e pedir a intervenção da Polícia Federal para que investigue o que ele chamou de “trama”. O advogado Pedro Henrique, responsável pela sua defesa, disse achar estranho a divulgação de informações do inquérito policial, já que corre em sigilo.
Fotos do vereador Pablo Roberto em Brasília, recebido pelo deputado federal Luiz Couto que pertence à Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Federal, foi divulgada numa rede social pelo deputado estadual baiano Yulo Oiticica (PT), que acompanhou o vereador. As fotos dos três nessa reunião na capital federal foram publicadas na página do deputado Yulo no Facebook acompanhadas de um texto em que o parlamentar baiano, que é vice-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), faz uma defesa veemente de correligionário Pablo Roberto.
“Não vamos aceitar a mão da truculência sobre nosso companheiro militante dos Direitos Humanos e que esteve sempre em defesa da vida. Fora a malvadeza, a luta não vai acabar, avante companheiro.”, afirmou Yulo Oiticica na sua página no Facebook.
Ainda sobre as acusações, durante a sessão plenária da Câmara de Vereadores, nesta terça-feira (18), o vereador Pablo tornou público o caso, negou envolvimento e sem citar nomes, disse que tem provas sobre as ameaças “do deputado estadual”. Ele relembrou o conflito político que teve com o parlamentar e demissão de pessoas ligadas a ele que trabalhavam no local. O vereador ainda citou que em outubro de 2013, a CAS Zilda Arns foi vítima de invasão e que até esteve no local sem saber que “já fazia parte das ações do depoimento do jovem”.
“Chega a nosso conhecimento, em novembro, que um adolescente que cumpre medidas socioeducativas teria chamado o atual gestor e feito uma denúncia de que eu estive na unidade e que teria feito uma proposta de que se ele fizesse o processo de rebelião e tentasse contra a vida do atual gestor – por uma quantia R$ 10 mil – ele teria a sua liberdade e que teria retaguarda deste vereador aqui”, narrou.
Em dezembro, acrescentou o vereador, o rapaz fugiu da unidade e sofreu um atentado. “Ele foi atingido por 12 tiros disparados por um grupo, mas sobreviveu, para nossa alegria”, recorda. O vereador diz que vem sendo vítima de boatos nocivos e alega que tudo isso está ocorrendo porque negou apoio político ao deputado estadual.
Ainda sem citar nomes, Pablo Roberto disse: “Esse deputado diz às pessoas para terem cuidado comigo por eu ter contato com grupo de extermínio. Tomei conhecimento de que existe um processo em segredo de justiça por ter feito uma reunião com um garoto que fugiu do Melo Matos e dois dias depois foi encontrado com 12 tiros, o que eu não fiz”.
Pablo observa que na época achou que não passava de “comentários de pessoas que queriam ver o circo pegar fogo”, mas que foi surpreendido com a investigação policial que mandou intimação para a Câmara Municipal na segunda-feira (17).
Parece que fogo era mais pesado do que o vereador Pablo Roberto esperava. Agora ele está correndo para expor a sua defesa e livrar-se das acusações.
Jamil Souza