Eu gosto de gente, mas, tenho medo. O ser humano, que tanto me encanta, consegue me deixar aterrorizado com suas ideias, confesso, suas ações me chocam! Futilidades e agressões são sempre alimentadas pela ignorância ou “medo” do outro.

Sim, o preconceito que se manifesta de modo tão abrangente e diverso é inflamado por não se permitir estar ao lado do diferente. Estar junto ou próximo deste “outro” que me questiona e me mostra, na prática, outra visão da vida e das coisas. De nós mesmos, inclusive! Afinal, apesar do medo que sentimos da forma ou do modelo como este outro se desenha, se mostra e se nos apresenta, somos feitos da mesma matéria e, em verdade, somos iguais. A diferença que existe é externa e, pasmem, em outros seres apenas serve para ampliar a sua beleza e riqueza.

Portanto, se considerarmos que somos todos iguais, esse “medo” do “outro” não tem razão de ser. O combustível do preconceito deixa de existir. Pois o “outro” não existe. Porém, de volta ao mundo real, percebemos que o ser humano gosta de se sentir diferente, é como se essa diferença lhe conferisse superioridade. E é por essa superioridade/diferença que ele morre e mata. É por isto que ele oprime e segrega. E é isso que me faz ter medo de gente.

Pensei em terminar este texto concluindo que na verdade, eu tenho medo de mim. Isto poder ser verdade, se eu negar que o “outro” exista! Mas, as diferenças existem e persistem em se exibir com força e violência. Assim, eu continuo afirmando: Eu gosto de gente, mas, tenho medo.

Jamil Souza