No dia em que se comemora os 100 anos de Abdias Nascimento, debates e apresentações culturais prestaram homenagem ao ativista precursor da luta pela igualdade racial no país. Pela manhã, o Clube de Engenharia promoveu o debate Democracia Racial: Atingimos os Objetivos?, onde foram discutidos a democracia racial no Brasil, nos Estados Unidos e na África do Sul.

O jornalista, escritor, artista plástico, teatrólogo, ator, poeta, ativista e ex-senador da República, Abdias Nascimento – falecido em 2011 aos 97 anos – , é referência quando o assunto é igualdade racial. (Foto: Reprodução)
O jornalista, escritor, artista plástico, teatrólogo, ator, poeta, ativista e ex-senador da República, Abdias Nascimento – falecido em 2011 aos 97 anos – , é referência quando o assunto é igualdade racial. (Foto: Reprodução)

Na parte da tarde, um grande evento no Centro Cultural Ação da Cidadania reuniu professores, intelectuais e artistas para lembrar o legado deixado pelo escritor em mais de 80 anos de luta contra o racismo. A ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Luiza Bairros, destacou que Abdias foi crucial nessa luta.

“É uma pessoa que viveu muito tempo, então ele viveu e acompanhou a luta antirracista desde os anos 40. De uma certa forma, ele colocou quais eram as principais questões do racismo no Brasil, entre elas a questão da violência policial, que foram temas que permaneceram ao longo do tempo e que permanecem até hoje como desafios importantes a serem superados naquilo que se refere à discriminação contra negros”.

Ela lembra que Abdias foi o primeiro parlamentar a fazer uma proposta de ações afirmativas no Brasil, em 1983, e que apenas 20 anos depois os princípios apresentados por ele começaram a ser utilizados nas políticas públicas, como as cotas raciais nas universidades.

Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Kabengele Munanga, congolense especialista em Antropologia das Populações Afro-Brasileiras, uma das grandes contribuições de Abdias foi a introdução do ensino de história da África e dos negros nas escolas, a partir da publicação das revistas Sankofa e Thoth – Escriba dos Deuses – Pensamento dos povos africanos e afrodescendentes, enquanto era senador.

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