O Grupo de Trabalho da Comissão Estadual da Verdade (CEV) ouviu mais três vítimas da ditadura militar, em Feira de Santana, em sessão realizada no Centro Paroquial de Santana. Nesta sessão, que aconteceu na  quarta-feira (6), foram ouvidos Antônio Carlos Daltro Coelho, Moacir Cerqueira e Jaime Cunha, perfazendo o total de 22 pessoas já ouvidas no município.

Na sessão que contou com a presença do coordenador do GT em Feira, Sinval Galeão, a professora Amabília Almeida, representando a Comissão Estadual da Verdade da Bahia, ressaltou que os depoimentos servirão de base para o relatório, a ser entregue à Comissão Nacional da Verdade, “para lembrar a todos a memória de uma época que não queremos que jamais aconteça’.

Antônio  Coelho, em 1964, era estudante e oficial de gabinete do então prefeito Chico Pinto. Filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) à época, ele relatou que sofreu espancamento e ainda teve que passar por um ‘corredor polonês’ formado por soldados. Em seguida, foi transferido para Salvador, onde foi mantido preso durante 45 dias. No depoimento à Comissão da Verdade, Antonio Coelho citou ainda o caso do primeiro suplente de vereador Humberto Mascarenhas, impedido pela VI Região Militar, em 1974, de tomar posse no lugar do vereador Roque Aras, eleito deputado estadual.

Insegurança constante

Em seu depoimento, o advogado Jaime Almeida da Cunha, que militou na Ação Popular (AP) e no movimento Política Operária (Polop), contou muito emocionado sua experiência. “Vivíamos um medo constante, um clima de insegurança em todo lugar aonde a gente ia”.

Ele disse que tinha apenas 20 anos e era procurado como “o terrorista que aliciava menores”. Relatou que ficou preso quase uma semana no 35º Batalhão de Infantaria. Depois viveu na clandestinidade, por alguns anos, até que a advogada Ronilda Noblat conseguiu obter a prescrição das duas penas a que havia sido condenado, de quase três anos.

Prestou depoimento ainda o comerciante Moacir Cerqueira, militante político e fundador do então MDB de Feira de Santana, em 1966. Ele não chegou a ser preso, mas disse que sofreu muitas restrições em suas atividades no comércio e até na Maçonaria, “que no princípio apoiou o golpe militar”. Informações da Secom/Ba.