Mulher, negra, favelada, e que não se calava frente às injustiças que via e sentia na pele, que entrou na política para gritar mais alto e lutar para defender os direitos violados de seus iguais e de outras tantas minorias desassistidas pelo poder público. Esta era a Marielle Franco, que foi brutalmente assassinada numa tentativa de calar sua voz. O crime aconteceu logo após a saída de uma reunião em que Marielle participava com militantes, ativistas e outras mulheres. Mas, sua voz não para reverberar, e não apenas no Rio de Janeiro, onde vivia e lutava, mas, em todo o Brasil e em várias partes do mundo. E aqui, em Feira de Santana, não será diferente. Dentre as muitas manifestações e atos de repúdio e cobrança por justiça na apuração do caso Marielle, uma acontecerá, neste sábado (14), dia em que se completa um mês do crime que vitimou a ativista política carioca e o motorista Anderson Gomes, que a conduzia. Trata-se de um ato político e cultural e que promete repercutir, ainda mais, a voz de Marielle, que continua “presente”. E, não sem motivos, foi denominado “Marielle Vive!”.

O evento está programado para começar às 15 horas,  no Colégio Estadual Agostinho Fróes da Mota, e é organizado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSol) de Feira de Santana. A ativista Marielle Franco era filiada ao PSol e foi eleita vereadora da cidade do Rio de Janeiro. Era uma voz que bradava alto contra às injustiças e violência cometidas contra o povo pobre e preto das comunidades cariocas.

O Colégio Agostinho, local do ato em Feira de Santana, está localizado na Rua Coronel Álvaros Simões, S/N – Centro (Próximo ao Fórum).

O Professor, Mestre em História e ativista político Jhonatas Monteiro, o Rasta, que é filiado ao PSol de Feira, entrou em contato com a redação do BBG e passou mais informaçõs sobre o evento que marca um mês do assassinato de Marielle Franco. Confira, a seguir, mais detalhes do ato político aqui em Feira de Santana.

Marielle Vive! Ato político e cultural

“No próximo sábado, dia 14 de abril, a execução de nossa companheira Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completará um mês. Em protesto contra essa ação bárbara, da qual o Estado Brasileiro, racista e elitista, se torna cúmplice, e em homenagem à trajetória de luta e de vida de Marielle, o Partido Socialismo e Liberdade de Feira de Santana realizará um ato político, às 15h, no Colégio Estadual Agostinho Fróes da Mota.

Marielle era mulher negra, moradora da favela, lésbica, eleita vereadora do Rio de Janeiro por um partido de esquerda, e foi assassinada por defender os ideais nos quais acreditava, especialmente por denunciar a violência policial contra a população mais vulnerável. Marielle não foi morta numa tentativa de sequestro ou assalto, nem foi vítima de uma bala “perdida”. Ela foi executada por pensar e agir diferente, ela foi alvo de um crime político.

Sim, a execução de Marielle causa indignação, porque quem se identifica com ela e com sua luta se sente também atingido, se percebe também em risco, e com nossas vidas em risco, só nos resta reagir. Para honrar a sua luta, sejamos todas Marielles, em todas as frentes, em todas as trincheiras, até que não hajam mais Marielles emboscadas, assassinadas, até que nenhuma lutadora ou lutador do povo precise morrer por aquilo em que acredita.

PSOL Feira de Santana”

Agora mais informações sobre a parte cultural do evento político.

“O PSOL Feira de Santana realizará um ato político e cultural como atividade de resistência no marco de um mês de execução de nossa companheira Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O ato é uma iniciativa que, muito além da militância do próprio PSOL, contará também com a colaboração de quem se identifica com Marielle e com sua luta. Nesse sentido, para construir esse momento de afirmação da possibilidade de transformação do luto em luta, já confirmaram presença:

A Vez das Minas – Lina Macêdo, mulher preta e feminista, jornalista e poetisa; e Thamires Santos (Criolafro), mulher preta, afroautônoma feminista e poetisa

Ana Paula – poetisa e militante do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro

Brenus Tsokas – músico e integrante do duo Rádio Livre

Jess Maria – poetisa feirense

Jessica Mina – nascida na Chapada Diamantina, graduada em Letras com Inglês (UEFS), feminista LGBTQI+ e poetisa

Larissa Marques – mulher preta, feirense, estudante de Letras com Francês (UEFS) e poetisa

Nilton Rasta – morador da Rua Nova, músico e ativista cultural

Tatiane Araújo – mãe do Heros, poetisa, feminista sertaneja, militante do Coletivo Municipal de Jovens de Quijingue (CMJQ) e do Pajeú

Vitoria Luísa – poetisa, feminista sertaneja, militante do Coletivo Municipal de Jovens de Quijingue (CMJQ) e do Pajeú

Quem quiser colaborar, basta chegar para ter vez e voz. A ideia é que o momento político seja marcado por diversas expressões artísticas, como música, dança, poesia, grafite e mais. Entre outras coisas, é um ato para mostrar que aqueles que executaram Marielle falharam: não nos calaram, nem manteremos o silêncio! Marielle vive!”

Jamil Souza, com informações de Jhonatas Monteiro / PSol de Feira