O Jornal da Bahia foi fundado em 1958, era um veículo progressista, ligado a esquerda e foi fortemente perseguido de 1969 a 1972 pelo então governador Antônio Carlos Magalhães. O dono do jornal, João Falcão, nasceu em Feira de Santana e foi um notório militante comunista. A reprodução da primeira página do Jornal da Bahia, edição de 1º de abril de 1964, que circulou sem a manchete, retirada por imposição do Exército, na madrugada do golpe militar, será anexada ao relatório que a Comissão Estadual da Verdade-Bahia (CEV-BA) vai enviar em dezembro deste ano à Comissão Nacional da Verdade.

A manchete censurada era ‘Rebelião contra o governo’ e o texto principal, que foi publicado dizia que “A crise iniciada com o levante de fuzileiros navais e marinheiros na Guanabara, na semana passada, agravou-se extremamente no decorrer da noite de ontem, estendendo-se a vários pontos do território nacional, sob a forma de insurreição política no Estado de Minas Gerais e de movimentação de tropas dentro daquela unidade da Federação e em outras regiões”.

Jornal da Bahia, edição de 1º de abril de 1964, dia do golpe militar. (Foto: Camila Souza/GOVBA)
Censurado: Jornal da Bahia, edição de 1º de abril de 1964, dia do golpe militar. (Foto: Camila Souza/GOVBA)

Na mesma página, outro texto foi censurado, ficando mais um espaço de três colunas (15cm x 12cm) em branco, abaixo do título ‘Jair Dantas Ribeiro assumiu o Comando das Forças Legalistas’. Ele era o ministro da Guerra. Mais abaixo, um título menor, sem destaque – ‘Jango: Forças Armadas estão coesas’.

O Jornal da Bahia e seu fundador João Falcão sofreram uma forte perseguição do então governador Antônio Carlos Magalhães, que suspendeu toda a publicidade oficial, pressionou empresários para que não anunciassem, e usou meios jurídicos para desmoralizar o jornal. Para enfrentar a situação, o jornal criou o slogan ‘’Não deixe esta chama se apagar’, obtendo o apoio da população para não sucumbir às dificuldades financeiras. O Jornal circulou até 1994.