Duas estudantes de psicologia da Faculdade Nobre (FAN) participaram mais que atentas à I Caminhada Inter-Religiosa e Contra a Intolerância que aconteceu em Feira de Santana, no último domingo (4). A caminhada faz parte de uma campanha do governo municipal que objetiva sensibilizar a população de que é possível uma boa convivência entre todos as crenças e linhas de pensamento. Emanuelle Estrela e Heloisa Senna são estudantes do terceiro semestre e disseram que sua participação no evento faz parte de “uma vivência para a construção de um vídeo educativo” para ser usado com alunos da rede pública. O trabalho foi solicitado pela disciplina Psicologia Social, ministrada pela professora Joelma Oliveira.

Emanuelle explicou o que motivou o trabalho e a participação na caminhada: “Sabendo que a intolerância religiosa é conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças e práticas religiosas, o objetivo de ir às ruas foi fazer uma pesquisa sobre a intolerância e saber como ela se manifesta; Por violência física? Isolamento social? E como as pessoas reagem aos insultos à sua religião”.

O pastor evangélico Jorge Nery membro da Comunidade de Jesus emocionou a todos ao lavar e beijar os pés de sacerdotes dos Religiões de Matriz Africana. (Foto: Secom PMFS)
O pastor evangélico Jorge Nery da Comunidade de Jesus emocionou a todos ao lavar e beijar os pés de sacerdotes das Religiões de Matriz Africana. (Foto: Secom PMFS)
As estudantes de Psicologia da FAN Emanuelle Estrela e Heloisa Senna que participaram da caminhada e do culto ecumênico que encerrou a I Caminhada Inter-Religiosa e Contra a Intolerância. (Foto: Jamil Souza)
As estudantes de Psicologia Emanuelle Estrela e Heloisa Senna no culto ecumênico que encerrou a I Caminhada Inter-Religiosa e Contra a Intolerância. (Fotos: Jamil Souza)

Sobre a importância da pesquisa sobre o tema intolerância religiosa, Heloisa Senna disse: “Eu sempre achei esse tema importante, pois o Brasil sendo um país de Estado laico, os cidadãos tem a liberdade para a escolha de sua religião. Portanto, devemos nos respeitar acima de tudo, não importa a cor, classe ou religião, somos todos iguais. As pessoas devem levar o respeito a todos os lugares e, na minha opinião, ao invés de simplesmente tolerar, todos deveriam aceitar”.

A caminhada uniu ateus e vários líderes e membros das religiões de matriz africana, evangélicos, católicos e espíritas. Saiu às 15hs do cruzamento das avenidas Getúlio Vargas e Maria Quitéria (próximo ao Pálace Hotel) e seguiu até a Praça de Alimentação onde terminou, por volta da 19hs, com um culto ecumênico, local onde encontramos as estudantes.

Um número bastante significativo de pessoas participou da caminhada. Muitas delas portando faixas com dizeres tais como: “Intolerância nem por um segundo”, “Toda crença busca a paz, o amor e a união” e “Diga Não a intolerância religiosa”.

Alguns participantes disseram que o ponto alto do evento aconteceu quando, num gesto de profundo respeito, o Pastor evangélico Jorge Nery, da Igreja Batista, lavou e beijou os pés de três líderes de Terreiros de Feira de Santana, entre os quais a senhora Maria Amália, a mais idosa e antiga Mãe de Santo da cidade. Vale lembrar que os terreiros dos Culto Afro-Brasileiros e os seus seguidores têm sido as principais vítimas da intolerância religiosa. O que somente amplia a importância do gesto simbólico do pastor da Comunidade de Jesus, Jorge Nery .

A faixa ditava o pensamento de muitos dos participantes da I Caminhada Inter-Religiosa e Contra a Intolerância. (Foto: Facebook/Emanuelle Estrela)
A faixa ditava o pensamento de muitos dos participantes da caminhada. (Foto: Facebook/Emanuelle Estrela)

A I Caminhada Inter-Religiosa e Contra a Intolerância foi organizada pela Prefeitura através das secretarias municipais de Prevenção a Violência (Seprev) e de Desenvolvimento Social (Sedeso). O evento contou com a participação do secretário Mauro Moraes da Seprev e do secretário Roberto Tourinho da pasta de Meio Ambiente. Dentre outros apoiadores, a caminhada contou com o apoio da Arquidiocese de Feira de Santana e da FENACAB, a Federação Nacional do Culto Afro Brasileiro.

Jamil Souza