Lamentavelmente, os atos racistas são muito frequentes no futebol mundial. E no Brasil não é diferente. Aqui, onde a maioria da população é mestiça ou afrodescendente, o racismo é comum. O racismo manifesta-se em todos os setores da nossa sociedade. No esporte, mais especificamente no futebol, os ataques racistas são tão frequentes que até são considerados por muitos como “coisa comum”, uma forma simples de exprimir a banalidade com que acontece.

E isso foi confirmado pelo jogador de futebol Mário Lúcio Duarte Costa, mais conhecido como Aranha, que se manifestou sobre o episódio acontecido no jogo entre Grêmio e Santos em que foi vítima de ataques racistas de torcedores gremistas em disputa válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil e que aconteceu, na noite da ultima quinta-feira (28), em Porto Alegre. Os gritos inflamados e ofensivos de torcedores racistas foram filmados por televisões e as imagens repercutiram nas redes sociais da internet.

Numa matéria que foi ao ar na noite deste domingo (31), Aranha falou para uma repórter do programa Fantástico da TV Globo e, dentre outras coisas, da frequência em que o racismo acontece no Brasil, da constância com que sofre ataques, da necessidade de reagir com dureza e manifestar desconforto claro diante desses casos, e meteu o dedo na ferida ao afirmar que, por ser negro, não é aceito e apenas tolerado: “Muitas vezes eu não sou aceito, sou tolerado por ser goleiro do Santos”.

Patrícia Moreira da Silva, 23 anos, a jovem flagrada chamando de "macaco" o goleiro Aranha, do Santos, durante o jogo contra o Grêmio, em Porto Alegre. (Foto: Imagem ESPN / Veja)
Patrícia Moreira da Silva, 23 anos, a jovem flagrada chamando de “macaco” o goleiro Aranha, do Santos, durante o jogo contra o Grêmio, em Porto Alegre. (Imagem reprodução ESPN / BBG)

Sobre sua luta contra o racismo e Aranha citou o que o ajuda a ser e continuar forte. Citou uma frase do líder negro norte americano Martin Luther King que disse durante o seu famoso discurso ‘I Have a Dream’: “Eu tenho um sonho. Que um dia viveremos em uma nação onde as pessoas não serão julgadas pela cor da pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter”.

Durante a entrevista, o jogador Aranha também mencionou a importância da música Rap na ajuda a manter-se forte para suportar o racismo. “Eu tenho pena dela” disse o goleiro do Santos ao ser lembrando da jovem flagrada pelas imagens chamando-o de “macaco”.  O Jogador também foi firme ao dizer que espera que as pessoas que cometem atos racistas sejam punidas com a expulsão definitiva.

Aranha foi à polícia prestar queixa e os criminosos podem ser punidos, inclusive o Grêmio. Os atos racistas resultaram no adiamento pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do jogo de volta contra o Santos, time defendido pelo goleiro Aranha. O STJD ainda está julgando o caso e, como punição, o Grêmio pode ser multado em até 100 mil reais e existe a possibilidade de ser excluído do campeonato.

Por sua luta, pela consciência clara do embate racista existente na nossa sociedade e por sua firmeza na defesa de suas ideias, o cidadão Aranha merece os meus respeitos. O Aranha me representa!

Jamil Souza