Uma audiência pública com o objetivo de debater as questões relativas às reivindicações estudantis do Movimento Vem Pra Rua FSA foi realizada pela Câmara Municipal de Feira de Santana, na manhã desta sexta-feira (5), no plenário da Casa da Cidadania. A pauta de reivindicações do movimento contém 13 itens: redução da tarifa; aumento da frota de ônibus e das vans alimentadoras dos terminais; fim do monopólio do serviço de transporte em Feira de Santana; CPI do transporte público; construção de ciclovias na cidade; reformulação do Conselho de Transporte; reformulação das linhas de ônibus.

A audiência pública na Câmara Municipal com o objetivo de discutir questões referentes ao transporte coletivo urbano de Feira de Santana foi, sem dúvida, resultado da luta do movimento Vem Pra Rua Fsa.
A audiência pública na Câmara Municipal com o objetivo de discutir questões referentes ao transporte coletivo urbano de Feira de Santana foi, sem dúvida, resultado da luta do movimento Vem Pra Rua Fsa.

A audiência pública durou cerca de duas horas e foi uma das vitórias do movimento que tem ido às ruas protestando e que, na semana passada chegou a interromper uma outra audiência na Câmara Municipal, levando aos vereadores às sua pautas de reivindicações. Não tendo outra saída, os vereadores através da Comissão de Obras, Urbanismo e Infraestrutura  foram obrigados a atender os manifestantes e discutir nesta audiência pública, os clamores dos feirenses por melhorias no transporte público e redução da tarifa do ônibus em Feira de Santana, dentre outras questões.

O movimento Vem Pra Rua FSA luta também por uma melhor acessibilidade em Feira de Santana; implementação da meia passagem em dinheiro nos ônibus; pavimentação das principais vias dos bairros periféricos da cidade em caráter de urgência; publicidade e fiscalização dos horários das linhas de ônibus; fim das limitações na meia passagem de ônibus e passe livre para estudantes”.

Câmara debate reivindicações estudantis em audiência pública (05.07.2013)Antônio Rosevaldo, professor de Economia da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), um dos palestrantes da audiência pública, salientou que o transporte público é um direito garantido na Constituição Federal. “A maneira como é moldada o transporte público no Brasil representa fundamentalmente uma luta de classes e, quando tem luta de classes, há conflitos entre os agentes envolvidos”.

Segundo ele, o direito de ir e vir das pessoas foi transformado em mercadoria e, por isso, passou a ser é regido pela ótica do lucro. “Cobrar transporte por passageiro, jogando a conta nos usuários,  tem sido de uma maneira terrível para a população de baixa renda”, disse ele, ressaltando que a “catraca” é o simbolismo da exclusão social do transporte público no Brasil.

Em sua opinião, sempre foi um dilema dos municípios, inclusive Feira de Santana, calcular a tarifa do transporte coletivo. Segundo o economista, os parâmetros estão defasados, o que implica no preço elevado da passagem. “Em Feira de Santana nós tínhamos, em 1980, a terceira passagem mais barata da região Nordeste. Hoje, temos a segunda mais cara do Norte-Nordeste”, relatou.

Ele informou também que, de 2005 até abril de 2013, o município cresceu 79% a tarifa de transporte coletivo urbano. “Se corrigíssemos a passagem pela inflação, ela custaria R$ 2,09, no entanto, hoje ela custa R$ 2,50”, salientou.

Antônio Rosevaldo disse que nos últimos 10 anos, praticamente, a frota de ônibus não aumentou em Feira de Santana, apesar do crescimento da cidade.

De acordo com o palestrante, “a cidade de Aracaju, que tem população similar a Feira de Santana, tem um ônibus para um pouco mais de 1 mil habitantes, enquanto que em nosso município tem um ônibus para cada 3.400 habitantes”, pontuou.