Maior reservatório do Nordeste, a Barragem de Sobradinho passa por uma das piores secas da história, que afeta a geração de energia elétrica, o abastecimento dos municípios da região e preocupa agricultores que dependem da água da barragem para a irrigação da produção de frutas.

Nessa segunda-feira (16), o nível da barragem atingiu 2,5% do volume útil, o mais baixo da história. Esse número vem caindo dia a dia. No dia 10 deste mês, por exemplo, estava em 2,9%. O nível mais baixo havia sido registrado em novembro de 2001 (5,46%).

“A barragem de Sobradinho é usada para tudo. A nossa principal preocupação sempre foi fazer com que a água do reservatório atenda às necessidades no maior tempo possível. Mas, hoje, estamos dependendo da chuva”, disse o diretor de Operações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), José Aílton de Lima.

A previsão é que entre o fim de novembro e início de dezembro a barragem atinja o volume morto – reserva de água abaixo do ponto de captação. Isso significa a parada total de geração de energia na hidrelétrica. Inaugurada em 1979, a represa de Sobradinho tem capacidade de armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água e corresponde a 58% da água usada para a geração de energia no Nordeste.

Barragem de Sobradinho. (Foto: Arquivo/ Chesf)
Barragem de Sobradinho. (Foto: Arquivo/ Chesf)

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não há, no entanto, risco de racionamento no Nordeste, pois é possível usar fontes alternativas – como térmicas -, e transferir energia de outras regiões. O órgão diz ainda que os reservatórios da Bacia do São Francisco estão sendo operados prioritariamente para outros usos da água que não a geração de energia.

Para manter mais água na represa, a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou a redução da vazão de Sobradinho para 900 metros cúbicos por segundo (m³/s). A ANA estuda reduzir a vazão para 800 m³/s. “Se tivéssemos mantido a vazão em 1.300 m³/s, o reservatório hoje já estaria seco. Agora, vai ser preciso reduzir ainda mais. Ninguém quer que reduza, mas toda a população da região deve poupar água”, diz Aílton de Lima.

Irrigação

A produção de frutas também pode ser prejudicada diante da possibilidade de racionamento no Distrito de Irrigação Nilo Coelho, o maior das áreas irrigadas. Entre Pernambuco e a Bahia, o projeto tem produção anual de R$ 1,1 bilhão. Mais de 2 mil empresas, entre pequenas e grandes produtoras, usam o sistema. Leia mais na Agência Brasil