Saneamento básico, conservação e uso racional da água foram os principais temas do Esquenta para o Fórum Mundial da Água, mobilização que reuniu jovens em oito cidades brasileiras. As atividades aconteceram ontem (3) e foram realizadas em Belém, Belo Horizonte, Campinas (SP), Curitiba, Piracicaba (SP), Montes Claros (MG), Santa Rita do Sapucaí (MG) e São Paulo. De acordo com Tatiana Silva, uma das jovens delegadas do Conselho Mundial da Água no Brasil, um dos objetivos dos encontros, articulados pelas redes sociais, foi estimular a reflexão e o envolvimento direto dos jovens no debate sobre políticas públicas relacionadas ao uso da água, além do engajamento para a participação no Fórum. “São encontros organizados de forma orgânica e espontânea. O que a gente quer é compartilhar conhecimento, experiências e levar a voz da juventude ao Fórum Mundial da Água”.

Barragem do Descoberto é o maior reservatório do Distrito Federal. Há um ano moradores do DF convivem com racionamento de água. (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Ao longo da semana, jovens de outras partes do mundo realizaram atividades semelhantes no México, na Índia e nos Estados Unidos. No Brasil, além das oito cidades deste sábado, o Esquenta já havia ocorrido também em Cuiabá, na última quarta-feira (28), e está previsto para ocorrer em São Luís e Teófilo Otoni (MG) na próxima semana. Outras cidades podem confirmar eventos até o dia 12 de março, entrando em contado pelo (31) 97348-7340. O Fórum Mundial da Água ocorre de 18 a 23 de março, em Brasília (DF), e deve reunir mais de 10 mil participantes de 160 países.

A mobilização em cada cidade vai gerar uma carta da juventude local, com a síntese das discussões. “A ideia é que a gente faça um balanço dessas cartas até o dia 12 de março, debata seus conteúdos e organize uma grande plenária da juventude do mundo inteiro durante o Fórum”, detalha Tatiana Silva. Como resultado dessa discussão, uma carta mundial deverá ser apresentada durante o evento oficial, reunindo o conjunto de reflexões e reivindicações da juventude relacionada a políticas públicas para preservação e garantia dos recursos hídricos como direito humano fundamental.

Em Belém, que teve o Esquenta com maior adesão, com mais de 70 inscritos, os jovens focaram nos enormes desafios locais. A capital do Pará ostenta uma das piores coberturas de saneamento básico do país e a falta de um planejamento urbano integrado às bacias hidrográficas gerou problemas estruturais na cidade. “O processo de canalização dos rios sem planejamento adequado resultou em alagamentos e inundações, como os que ocorreram aqui na semana passada, que praticamente paralisaram a cidade”, observa Micaela Valentim, do coletivo Ame o Tucunduba, uma das entidades que puxou o Esquenta em Belém. Na carta aprovada pelos paraenses, foco na reivindicação por diálogo e representatividade. “A maioria dos jovens colocou a importância da juventude na participação dos processos decisórios e a necessidade de partilhamento de ideias, que a academia, a governança e comunidades conversem mais, de forma mais articulada”, afirma Micaela. (Agência Brasil)