Os policiais grevistas que ocupavam a Assembleia Legislativa da Bahia desde o dia 31 de janeiro deixaram o prédio no início da manhã de hoje (9). A retirada dos amotinados começou às 6h30 desta quinta-feira (9), dez dias após o início do motim parcial da Polícia Militar. Segundo o porta-voz da VI Região Militar, tenente-coronel Márcio Cunha, 245 pessoas deixaram o prédio do Legislativo. Antes de ir para casa, os PMs passaram por uma revista e os que tinham mandado de prisão expedido pela justiça foram presos. A informação da desocupação da sede do Poder Legislativo foi dada durante a madrugada, pelo advogado dos policiais, Rogério Andrade. Dois líderes do movimento que tiveram a prisão decretada pela Justiça, Marco Prisco e Antônio Paulo Angelini, foram presos e pediram para sair pelos fundos do prédio.

O pedido foi aceito pela Polícia do Exército e pela Polícia Federal, que fizeram a prisão, e os dois foram levados de helicóptero para uma unidade da Polícia do Exército em Salvador.

Saíram do prédio 245 policiais grevistas e não havia crianças entre os manifestantes, de acordo com o tenente-coronel Márcio Cunha, responsável pela comunicação da operação. Todos passaram por uma vistoria do Exército antes de deixar o local. Após a saída, o Exército iniciou uma varredura.

Cinco pessoas já haviam saído do prédio, desde as 0h30, depois de terem sido informadas da matéria veiculada no Jornal Nacional, da Rede Globo, com provas de que Marco Prisco, expulso da Polícia Militar após a greve de 2001, comandou atos de vandalismo praticados em Salvador desde o dia 2 de fevereiro. Ações criminosas resultaram na morte de mais de 150 pessoas e depredação de patrimônio público. Os manifestantes que acampavam no entorno da Assembleia também já deixaram o Centro Administrativo da Bahia (CAB).

Ainda restam oito mandados de prisão a ser cumpridos. Ao sair do prédio, os policiais que não tinham prisão decretada foram embora em seus próprios carros.

Presa soldado que articulava invasão do Batalhão de Guardas da PM

A Polícia Federal prendeu, na noite de quarta-feira (8), a soldado Jeane Batista de Souza, do Batalhão de Guardas da Polícia Militar. A partir de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, foi descoberto que Jeane participava de uma articulação para a invasão do batalhão, localizado no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. O Batalhão de Guardas é responsável pela proteção de todo o sistema prisional.

Outros dois líderes do motim, estes integrantes da lista dos 12 mandados solicitados pelo Ministério Público Estadual e expedidos pela Justiça, também estão presos, acusados de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público (viaturas). Na madrugada de domingo passado (5), foi preso o soldado Alvin dos Santos Silva, lotado na Companhia de Policiamento de Proteção Ambiental (COPPA) e, terça-feira (7), o sargento Elias Alves de Santana, dirigente da Aspol.

As prisões preventivas foram decretadas pela juíza Janete Fadul e, além de responder por crimes como formação de quadrilha, depredação de patrimônio público e disparo de arma de fogo em via pública, os policiais vão passar por um processo administrativo na própria corporação. Na quarta-feira, a Justiça negou, pela segunda vez, os pedidos de habeas corpus de Marcos Prisco e Alexandre Barros.