Uma manifestação seguida de passeata pelas ruas do centro de Feira de Santana está programada para ocorrer nessa quinta-feira (14). O protesto, anunciado pelas redes sociais, é organizado por um grupo composto por ativistas políticos e artesãos do setor de artesanato do Centro de Abastecimento, principal entreposto comercial de frutas, verduras e outros víveres da cidade.

O grupo que é contrário à construção do “Shopping Popular”, obra do governo do Prefeito José Ronaldo (DEM), tem realizado diversas atividades para, segundo eles, “chamar a atenção da sociedade feirense para o erro da obra”. A obra é severamente criticada pela Associação dos Artesãos de Feira de Santana, entidade presidida por Lícia Maria Jorge. Os artesão se queixam, dentre outras coisas, de que não terão espaço no novo empreendimento. Afirmam que o tradicional espaço dos boxes de artesanato do Centro de Abastecimento, ocupado por eles há cerca de 40 anos, possui um valor histórico e, por ser parte remanescente da grande Feira Livre que existia na cidade, desde que foi transferida para o local nos anos 1970, deve ser preservado e apoiado pelo poder público.

Atividade cultural e política realizada aos sábados e que tem sido o principal fórum de discussão e críticas ao “Shopping Popular” no Centro de Abastecimento. (Reprodução)

Já o governo municipal argumenta que a obra, uma parceria público privada (PPP), não afetará o comércio dos artesãos no Centro e que, ao contrário do que dizem os críticos, vai dinamizar o comércio local. Para o governo de José Ronaldo a obra não é apenas necessária, mas, representa o futuro para o local e seus comerciantes.

Para tentar chamar a atenção da comunidade feirense, muitas manifestações contrárias às obras do Shopping Popular, foram realizadas nas proximidades dos boxes de artesanato. Uma atividade cultural e política intitulada “Sarau no Centro de Abastecimento” é realizada aos sábados e tem sido o principal fórum de discussão e debate sobre o tema.

Embargo da obra

As argumentações do grupo contrário às obras do “shopping popular” levou o Instituto do Patrimônio Cultural e Artístico da Bahia (IPAC) a manifestar-se sobre caso. No dia 28 de julho, o IPAC acabou por considerar justas as críticas e queixas dos artesãos e determinou o embargo da obra e suspensão imediata das ações de construção do shopping no Centro de Abastecimento de Feira de Santana.

A Prefeitura de Feira desconsiderou a orientação do IPAC e a obra prossegue. De acordo com o grupo ligado aos artesãos, a explicação é que foi meramente um “embargo administrativo”, sendo necessário, portanto, um embargo judicial, o que já está em andamento.

Sobre o ato de manifestação e passeata programado para acorrer amanhã (14), os organizadores publicaram o seu posicionamento e argumentos em página do grupo no Facebook e que você confere logo abaixo.

“A prefeitura de Feira de Santana ataca as trabalhadoras e trabalhadores do Centro de Abastecimento, destruindo este que é um patrimônio da memória e cultura da cidade, para construir um shopping dito “popular”, mas que só beneficiará o empresariado dono do empreendimento.

Sem condições de arcar com os altos custos de adquirir e manter uma loja no shopping, as artesãs e artesãos, instalados no Centro de Abastecimento há quarenta anos, encontram-se sem alternativas para continuar trabalhando e a cidade corre o risco de perder uma de suas importantes tradições.

Não podemos permitir mais um desmando da prefeitura, que tem seguidamente realizado obras controversas no município sem ouvir a população. O Centro de Abastecimento resiste! Se junte a essa luta! Compareça, envie para os seus contatos e seus grupos e ajude a construir uma grande mobilização!”.

As ações e concentração da “Manifestação em Defesa do Centro de Abastecimento de Feira de Santana” estão programadas para acontecer às 7 horas da manhã, dessa quinta-feira (14), no Setor de Artesanato.

Jamil Souza